Rural

Unidos pela produção leiteira

Viveiro no Morro Redondo é reativado com o trabalho dos próprios produtores rurais

Paulo Rossi -

Próxima à entrada da estufa, uma senhora com uma faca nas mãos faz pedaços do pequeno caule de capim-elefante. Ao seu lado, um senhor com uma enxada vai espalhando terra numa peneira para servir como base para as novas plantas. Cada pedaço é colocado dentro de tubetes, que distribuídos em grades de aproximadamente um metro quadrado. Depois de condicionadas e distribuídas, diariamente as mudas são regadas por um funcionário da Secretaria de Agricultura. Ocioso há mais de quatro anos, o viveiro foi reativado com o trabalho dos próprios produtores rurais do Morro Redondo, utilizando o bem público em benefício da produção agrícola.

Depois de cinco terças-feiras de trabalho, o resultado é um aglomerado superior a 70 mil mudas entre capim-elefante e tifton, que serão distribuídos entre todos aqueles que trabalham com produção de leite. Com o apoio da Emater e coordenação da Secretaria de Agricultura, os recursos que fazem o projeto funcionar são oriundos da Consulta Popular do ano passado, que teve verba aprovada para correção de solo e insumos para a cadeia leiteira do município. Para isso, seriam necessários calcário, adubação, horas de máquinas para preparar o solo, além das mudas. "As mudas e as horas de máquina nós mesmos conseguimos fazer com estrutura do município para baratear os custos", explica o engenheiro agrônomo Evaldo Voss. A partir de um estudo de Voss, foi planejado, junto com a Associação de Pequenos Agricultores e do Conselho de Agricultura de Morro Redondo, que sete produtores começariam o projeto.

Segundo o agrônomo, esta é uma dificuldade aqui da região, de manter a produção durante os meses de inverno, quando a pastagem sofre para se desenvolver, explica. Com isso, aumentam os custos para buscar alternativas e a produção diminui em quantidade. Segundo informações da Emater Regional Pelotas, o preço do leite em Morro Redondo variou entre R$ 1,05 e R$ 1,30 na última semana.

Mãos na terra
Na última terça-feira, pela manhã, seis agricultores trabalhavam no local. Salvador Ludtke, 50, fazia um fogo de chão e preparava arroz com galinha para o almoço do grupo. "Eu chego perto das 9h e ficamos até umas 17h", comenta. Ludtke relembra que, quando chegaram pela primeira vez ao local, o cenário era de abandono. O local estava servindo como abrigo para alguns equipamentos e o mato começava a tomar conta.

Cada agricultor terá uma área de aproximadamente um hectare de pastagem plantada. "Se a gente fosse plantar tifton, custaria mais de R$ 1,8 mil por hectare só pra fazer as mudas", compara Ildomar Milech, 48. Com cerca de 20 vacas leiteiras, hoje o produtor utiliza ração para complementar a alimentação, o que acaba encarecendo a produção. Vice-presidente da associação, Edegar Hoffmann diz que a história vai além das mudas. Trocam ideias, planejam atividades, compartilham ações que deram certo em cada propriedade. Os agricultores são de diferentes localidades do município, como Colorado, Campestre, Rincão e Reserva, citam.

Mais adeptos
Pouco mais de um mês após a execução do projeto, a secretaria já conta com outro grupo às quintas-feiras e está em processo de formação de um terceiro. Segundo Flávio de Almeida, titular da Agricultura do município, o objetivo é ampliar a oferta de outras mudas. "A ideia é ter mandioca, flores, hortaliças e batata-doce, por enquanto", conta. Para isso, os atuais grupos estão construindo uma matriz de mudas, que será utilizada por futuros participantes do projeto. No momento, secretaria e Emater buscam alternativas para dar sequência ao projeto, mesmo sem os recursos da Consulta Popular.

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